Edumall Preloader

Por que há tantas favelas no Rio de Janeiro?

GettyImages-1219411804-Rocinha
Uncategorized

Por que há tantas favelas no Rio de Janeiro?

Desde a ocupação portuguesa em terras que formaram o Brasil Colônia, o Brasil Império, e hoje, foram o Brasil República, o país já teve três cidades que foram a sua capital.

A partir de 1549 Salvador foi elevada a capital da colônia portuguesa. Estando na região nordeste, estava bem próxima das principais regiões produtoras de cana-de-açúcar, o primeiro ciclo econômico de cultivo do Brasil. Com a descoberta de ouro em Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás, a capital do Brasil foi transferida para o Rio de Janeiro em 1763.

Com o declínio da cana-de-açúcar no mercado internacional em concorrência com o açúcar das Antilhas, Salvador deixou de ter tanta importância política, administrativa e econômica. Neste momento, os portos mais importantes estavam na região sudeste e deslocar as autoridades coloniais para o Rio de Janeiro foi a forma mais eficiente de estar próximo das regiões produtoras de ouro e garantir uma fiscalização mais rigorosa sobre a produção e exportação, procurando coibir o contrabando. O Rio de Janeiro foi capital do Brasil até 21 de abril de 1960, quando Brasília passou a ocupar a administração do país.

Um fato importante para a formação de favelas na cidade do Rio de Janeiro ocorreu em 1808. Neste momento da história do Brasil, a cidade era a mais populosa e a mais importante economicamente. Isso foi determinante para a escolha da família real portuguesa, nobres e aristocratas que fugiram de Portugal diante da ocupação das tropas de Napoleão Bonaparte. Estima-se que cerca de 15 mil pessoas fugiram de Portugal e se instalaram no Brasil. 30% da população do Rio de Janeiro foi expulsa de suas casas para que as mesmas abrigassem os recém-chegados de Portugal.

Essa população expulsa passou a ocupar regiões mais distantes, em regiões de pântanos, mangues e morros. Ao longo do século XIX, movimentos a favor da abolição da escravidão também forçaram a libertação de escravos. Em 1865, vários casebres de morros já representavam uma forma embrionária de favelas. Este tipo de povoamento tinha como características as construções mal planejadas, a ilegalidade de ocupação, a pobreza, a insalubridade e a desordem. Durante boa parte do século XIX e início do século XX, a cidade do Rio de Janeiro passou por grandes reformas urbanas. Entre 1903 e 1906, o prefeito da época, Pereira Passos promoveu uma grande reforma. Várias edificações de moradia popular, em regiões nobres, foram demolidas para a abertura de grandes avenidas e edifícios luxuosos e modernos. Muitas destas novas construções tinham inspiração no modelo de arquitetura parisiense. 

Em 1888, com a extinção do regime escravocrata, e sem a criação de políticas que inserissem os ex-escravos no mercado de trabalho, houve um processo migratório forte dessa população para as grandes cidades.

Durante o século XIX, o café tornou-se o produto mais importante da economia brasileira. O vale do rio Paraíba do Sul, entre os estados do Rio de Janeiro e São Paulo, foi a região onde mais se produziu café. Logo que a Lei Áurea deu liberdade para os escravos, iniciou-se um processo de migração em massa para a cidade de São Paulo e para o Rio de Janeiro. Em 1897, surgiram as primeiras favelas cariocas. Uma no morro da Providência, e outra no morro de Santo Antônio. Ambas, na área central da cidade.

Morro da Providência

A formação de favelas acompanhou o crescimento da cidade do Rio de Janeiro. Com a ocupação urbana na zona sul da cidade, a partir da década de 1910, as favelas penetraram intensamente nos morros dessa região.

Durante todo o século XX, o Rio de Janeiro conviveu também com a migração interna de nordestinos para a cidade. Ao longo deste século, as políticas de reformas urbanas e de construções de habitações populares não foram suficientes para absorver a população que cresceu de forma muito acelerada. A população em favelas cresceu a taxas bem superiores às do resto da cidade. De acordo com censos demográficos, em 1948 cerca de 7% da população do Rio vivia em favelas. Esse percentual subiu para 10,2% em 1960, 13,3% em 1970, 16% em 1990, e 18,7% no ano 2000. O censo de 2000 calculou que entre 1 milhão e 1,2 milhão de pessoas viviam em favelas. 

Durante o século XX, a população do Rio de Janeiro conviveu também com tentativas de remoções de favelas e a ocupação da zona oeste da cidade. Durante os anos 1960 e 1970, a construção de conjuntos habitacionais nessa região realizou a expansão populacional para este local, mas não impediu a formação de novas favelas na região e o crescimento das que já existiam em outros pontos da cidade. A zona oeste do Rio cresceu conforme o ritmo das linhas férreas. A população dos bairros dessa região a ocuparam acompanhando a ampliação das vias férreas e a construção de estações de trem.

De acordo com o censo de 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Rio de Janeiro contava com 763 favelas, que abrigavam cerca de 22% da população da cidade. É o município brasileiro com o maior número de moradores em favelas: 1.393.314 habitantes.

Leave your thought here

Your email address will not be published. Required fields are marked *