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“Edifício Master”: um filme para conhecer mais sobre o Brasil e os brasileiros

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“Edifício Master”: um filme para conhecer mais sobre o Brasil e os brasileiros

Não é segredo que o Brasil é visto por muitos estrangeiros como um país exótico, famoso pelo futebol, praias e carnaval. O mesmo ocorre com muitos brasileiros que também enxergam principalmente alguns países da África e da Ásia como exóticos.

O caráter exótico de uma cultura apresentada para alguém que não conhece determinado país não deve ser generalizado, pois dá origem a um falso estereótipo. Por exemplo, há uma parcela enorme de brasileiros que não gostam de futebol. Eu, por exemplo, tenho como ritmos musicais preferidos o Punk Rock, o Hardcore, o Metal e o Crossover. Admiro muito sambistas como Cartola e Bezerra da Silva, mas mais pelas suas importâncias históricas. Em resumo, o Brasil é um país extremamente diverso culturalmente. Existem vários “Brasis” dentro do Brasil. E é aí que o filme “Edifício Master” entra.

Edifício Master” é um documentário produzido e dirigido por Eduardo Coutinho no ano de 2002. Ele está localizado no bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro e tem 12 andares com 23 apartamentos em cada andar. Cerca de 500 pessoas vivem nos seus 276 apartamentos. A equipe de produção do Eduardo Coutinho ficou hospedada durante um mês em um dos apartamentos e entrevistou vários moradores.

Coutinho nos apresenta os mais variados tipos de pessoas. Das mais jovens às mais idosas. Das mais tímidas às mais extrovertidas. Das mais comuns às mais complexas. Assistir ‘Edifício Master’ emociona e nos leva a várias reflexões sobre a complexidade da vida. Muitos dos entrevistados relatam sobre problemas que enfrentaram ao longo da vida. Alguns falam de doenças, de solidão, de frustrações. O véu do Brasil exótico cai. E qualquer pessoa, de qualquer lugar do mundo, pode se identificar com um ou mais entrevistados e perceber tristezas ou alegrias em comum, sucessos ou fracassos parecidos com o de um amigo ou parente.

De forma genial, Eduardo Coutinho mostra que há “Edifícios Master” em todos os lugares. E ele não estabelece nenhum grau de superioridade entre os entrevistados, seja ele um senhor doente ou uma jovem prostituta. Ele apenas nos permite ouvir os entrevistados e refletir sobre como podemos nos sentir tão próximos e íntimos de pessoas que não conhecemos pessoalmente e que vivem num edifício qualquer do Rio de Janeiro. Isso ocorre porque, em algum momento, algo vai parecer muito íntimo e pessoal.

“Edifício Master” é um trecho da história de um prédio residencial do Rio de Janeiro narrado pelos próprios moradores, mas poderia ser um trecho da história de qualquer outro prédio do Rio de Janeiro, de São Paulo, de Belo Horizonte, de Porto Alegre, do Recife, de Nova York, de Los Angeles, de Roma, de Paris, de Londres, de Toronto, ou de qualquer outra cidade do mundo.

É lógico que o Brasil tem seus traços culturais marcantes que faz com que seja visto como um país exótico, assim como a Polônia tem os traços culturais que compõem muito do modo de vida dos poloneses. Mas “Edifício Master”, mesmo sendo um documentário, é muito mais próximo das estórias contadas nos filmes que compõem “O Decálogo” de Krzysztof Kieslowski, do que um filme que foque no carnaval do Rio de Janeiro ou na vida selvagem da floresta amazônica.

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