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História do Cinema Brasileiro

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História do Cinema Brasileiro

O cinema surgiu no final do século XX, com as primeiras filmagens produzidas pelos irmãos Lumière na França em 1895, e espalhou-se rapidamente por vários outros países. No Brasil, a primeira exibição pública de filmes ocorreu no Rio de Janeiro, num prédio na rua do Ouvidor, em 8 de julho de 1896. Foram apresentados vários pequenos trechos de imagens que mostravam algumas cidades europeias.

O cinema teve suas origens no final do século XIX, com as primeiras filmagens produzidas pelos irmãos Lumière na França, em 1895. Rapidamente, essa forma de arte se espalhou para diversos outros países. No Brasil, a primeira exibição pública de filmes ocorreu no Rio de Janeiro, em 8 de julho de 1896, em um prédio localizado na rua do Ouvidor. Nesse evento histórico, foram apresentados vários pequenos trechos de imagens que retratavam algumas cidades europeias.

Logo, as primeiras máquinas filmadoras chegaram ao Brasil e, em 1º de maio de 1897, foi lançado o primeiro filme brasileiro. Vittorio di Maio foi o responsável pela filmagem da “Chegada do Trem em Petrópolis”, que foi exibido no Cassino Fluminense, na cidade do Rio de Janeiro. Embora muitas pessoas tenham questionado se esse filme foi realmente gravado no Brasil, pesquisadores concluíram que se trata de uma filmagem feita na cidade de Petrópolis.

Algumas outras pessoas passaram a utilizar a novidade e a fazer pequenas filmagens. No entanto, o cinema nacional teve um grande impulso a partir do início do século XX. Os primeiros filmes brasileiros eram pequenos documentários, que mostravam cenas do cotidiano. Com a crescente popularização do cinema, rapidamente passou-se a produzir ficções, adaptando histórias de crimes reais. Nesse mesmo período também foram produzidas algumas comédias.

Em 1909, muitas salas de cinema adotaram o chamado “cinema cantado”. Naquela época, os filmes ainda eram mudos, e os proprietários de cinemas começaram a contratar cantores e atores para dublar os filmes durante a exibição. 

Apesar da produção significativa na primeira década do século XX, o resquício mais antigo de um filme brasileiro é um trecho do curta-metragem intitulado “Os Óculos do Vovô”. Com direção, roteiro, produção e atuação do português Francisco Santos, essa comédia é o filme mais antigo ainda preservado. Originalmente, a obra possuía 15 minutos de duração e contou com a participação da família de Francisco no elenco. Filmada em Pelotas, no Rio Grande do Sul, a obra ficou perdida por décadas até que uma cópia foi encontrada na residência de uma das netas de Francisco na década de 1970. Infelizmente, devido ao mau estado de conservação, a equipe da Escola de Comunicação e Artes da USP (Universidade de São Paulo) só conseguiu recuperar 5 minutos do filme. Vale ressaltar que Francisco Santos também foi responsável pela produção do primeiro longa-metragem brasileiro intitulado “O Crime dos Banhados”, lançado em 1914.

Durante as décadas de 1910, 1920 e parte dos anos 30, a indústria brasileira de cinema enfrentou grandes dificuldades. Com pouquíssimos recursos, as salas de cinema do Brasil foram inundadas por produções estrangeiras, principalmente de Hollywood. Apesar desse cenário desafiador, Mário Peixoto conseguiu produzir, em 1931, o icônico filme “Limite“, considerado o primeiro grande clássico do cinema brasileiro. Durante os anos 20, algumas adaptações literárias também fizeram parte da produção do cinema mudo no Brasil. 

Na tentativa de competir com filmes estrangeiros, surgiu em 1930 a produtora chamada Cinédia, inicialmente dedicada à produção de filmes mudos, mas que logo passou a produzir filmes sonoros. Foi essa produtora que deu início à primeira grande grande fase do cinema nacional, conhecida como “Chanchada”.

Carmen Miranda

 

A “Chanchada” era predominantemente composta por filmes de comédia e musicais, com temáticas ligadas à cultura popular brasileira, em especial, ao carnaval. O gênero “Chanchada” teve seu auge nas décadas de 1930, 1940 e 1950, mas perdeu força nos anos 1960. Durante esse período, surgiram diversas produtoras, como a Atlântida e Vera Cruz. Muitos cineastas, atores e atrizes se tornaram celebridades nessa época. Rui Costa, Carlos Manga, Luiz de Barros, J.B. Tanko, Victor Lima, Watson Macedo e Anselmo Duarte foram alguns dos principais diretores desse período. Já, na frente das câmeras, muitos artistas alcançaram fama e reconhecimento, como Carmen Miranda, Zé Trindade, Francisco Alves, Oscarito, Grande Otelo, Mesquitinha, Ankito, Dercy Gonçalves, entre outros.

Grande Otelo e Oscarito

Após a fase da “Chanchada”, em meados da década de 1950, surgiu o “Cinema Novo”. Diferentemente das grandes produções da fase anterior, os realizadores do “Cinema Novo” não dispunham de grandes recursos financeiros. Esse movimento cinematográfico aprofundou-se nos problemas sociais do país, denunciando as mazelas do “Brasil profundo”.

O maior nome do “Cinema Novo” foi, sem dúvida, Glauber Rocha, que eternizou a frase: “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”. Inspirado pelo Neorrealismo Italiano e pela Nouvelle Vague francesa, o “Cinema Novo” produziu excelentes filmes com forte teor crítico e reflexivo.

No entanto, após o golpe militar de 1964, o “Cinema Novo” sofreu um forte ataque e praticamente desapareceu no final dos anos 1960. As restrições impostas pelo regime militar dificultaram a produção e circulação de filmes que abordavam questões sociais e políticas, fazendo com que o movimento perdesse espaço e influência.

Glauber Rocha

Apesar de sua breve existência, o “Cinema Novo” deixou um legado significativo na história do cinema brasileiro, trazendo obras marcantes que contribuíram para a reflexão e discussão sobre a realidade social e política do país. Seus filmes ainda são valorizados e estudados como parte importante da cinematografia nacional.

 De fato, apesar do Estado intervir na produção cinematográfica brasileira, em 1969 foi criada a Empresa Brasileira de Filmes (Embrafilme), um órgão com o objetivo de financiar filmes brasileiros. No contexto da ditadura militar, a Embrafilme teve um papel de impulsionar a indústria cinematográfica, mas também controlava a produção através da censura.

A dinâmica da Embrafilme começou a mudar no final dos anos 1970, com uma abertura maior e uma liberação mais flexível nas produções cinematográficas. Com a redemocratização do Brasil em 1985, o modelo implementado pela Embrafilme já não se sustentava, e com os primeiros passos do neoliberalismo no governo de Fernando Collor de Mello, a empresa foi extinta.

Ainda na década de 1970, surgiu o gênero conhecido como “Pornochanchada“, que foi influenciado pela “Chanchada” brasileira e pelo estilo de comédia italiano dos anos 60. Esse período foi marcado por filmes que envolviam situações eróticas e muito humor.

Durante o período da “Pornochanchada”, uma vertente importante que se destacou foi o movimento do “Cinema Marginal”. Essa corrente cinematográfica se alinhava com os ideais da contracultura e buscava romper com os padrões estabelecidos pelo cinema comercial da época.

Em São Paulo, as principais produtoras do “Cinema Marginal” estavam concentradas na região conhecida como “Boca do Lixo“. No Rio de Janeiro, a Belair Filmes foi a principal produtora do “Cinema Marginal”.

Jece Valadão no filme “O Bandido da Luz Vermelha”, de 1968

Muitos filmes do “Cinema Marginal” apresentavam influências tanto do tropicalismo quanto do cenário underground norte-americano, tornando-se conhecidos pelo subgênero “Udigrúdi”.

Durante os anos 1980 e 1990, a “Pornochanchada” e seus subgêneros enfrentaram crises significativas. A popularização do home video resultou no fechamento de várias salas de cinema, afetando a exibição desses filmes. Além disso, a redução dos investimentos estatais na indústria cinematográfica resultou em uma diminuição no número de filmes brasileiros exibidos nas telas de cinema em 1992, chegando apenas a três produções.

É importante lembrar que vários outros estilos de filmes foram produzidos, independente dos gêneros que predominavam na época. Portanto, financiados por empresas ou independentes, a produção audiovisual continuou sempre ativa.

Contudo, é importante ressaltar que, apesar das dificuldades enfrentadas pelo cinema brasileiro, diversos outros estilos de filmes continuaram sendo produzidos, tanto financiados por empresas como de forma independente. A produção audiovisual permaneceu ativa, demonstrando a resiliência e a diversidade do cenário cinematográfico brasileiro, mesmo em meio a desafios econômicos e mudanças no mercado.

Durante o governo Itamar Franco (1992-1995), foi criada a Secretaria para o Desenvolvimento do Audiovisual, e em julho de 1993, entrou em vigor a Lei do Audiovisual, durante o governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). Essa lei tinha como objetivo incentivar e fortalecer a produção cinematográfica e audiovisual no Brasil, oferecendo benefícios fiscais para empresas que investissem no setor.

“Carlota Joaquina, Princesa do Brasil”, de 1994

Em 1995, teve início a fase da “Retomada” no cinema brasileiro, marcada pelo filme “Carlota Joaquina, Princesa do Brasil“. Durante esse período, o Brasil voltou a ter filmes incluídos no circuito mundial, alguns sendo exibidos em cinemas estrangeiros, como “O Quatrilho” (1995) e “O Que É Isso Companheiro?” (1996). O ponto alto da “Retomada” foi o filme “Central do Brasil” (1998), estrelado por Fernanda Montenegro e Vinícius de Oliveira, que conquistou prêmios importantes como o Urso de Ouro no Festival de Berlim e o Globo de Ouro como melhor filme em língua estrangeira. No Oscar, “Central do Brasil” concorreu nas categorias de melhor filme estrangeiro e melhor atriz.

Auto da Compadecida” (2000), “Cidade de Deus” (2002) e “Carandiru” (2003) são alguns dos ótimos filmes que resultam do novo modelo de produção audiovisual no Brasil. Com novos mecanismos de incentivo, baseados em políticas fiscais e uma visão neoliberal de “cultura de mercado”, a “Retomada” abriu caminho para a “Pós-retomada” a partir de 2003.

A “Pós-retomada” é marcada pelas produções de blockbusters que batem recordes de bilheteria e arrecadação. Com a instalação de várias salas de cinemas (agora em shopping centers), o audiovisual brasileiro do século XXI venceu a crise dos anos 1980 e 90. Se o ano de 1992 e seus 3 filmes exibidos nos cinemas brasileiros demonstram a desolação do setor, as primeiras décadas do século XXI consolidaram a indústria de audiovisual: foram 84 filmes produzidos em 2009, 99 no ano de 2011 e 127 em 2013.

Edifício Master” (2002), “Amarelo Manga” (2002), “Lisbela e o Prisioneiro” (2003), “Tropa de Elite” 1 (2007) e 2 (2010), “O Som ao Redor” (2012), “O Lobo Atrás da Porta” (2013), “Que Horas Ela Volta?” (2015), “Aquarius” (2016), “Como Nossos Pais” (2017), “A Vida Invisível” (2019) e “Bacurau” (2019) são alguns exemplos de grandes produções realizadas no Brasil.

“Bacurau”, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles

Apesar do sucesso, o setor audiovisual enfrentou dificuldades durante os governos de Michel Temer (2016-2018) e, principalmente, de Jair Bolsonaro (2018-2022). A Agência Nacional de Cinema (Ancine), criada em 2001 para implementar políticas públicas voltadas ao audiovisual, foi alvo de ataques públicos por parte de Bolsonaro, que chegou a ameaçar privatizar ou extinguir a agência. Como resultado, muitos projetos foram paralisados durante esse período. No entanto, espera-se que a situação se normalize, pois os brasileiros já provaram sua história, competência e qualidade na produção de filmes.

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