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VIZINHOS

vizinhos-2022
Filme da Semana The Movie Club

VIZINHOS

Qual a chance de uma pessoa que não suporta som alto ter um colapso nervoso por trabalhar numa loja de instrumentos musicais, ouvindo barulho o dia inteiro? Walter descobre da pior forma. E para o bem de sua saúde recebe o conselho de ter uma vida mais tranquila, mais saudável e, principalmente, sem barulho.

Walter e Joana chegam à conclusão de que o melhor é buscar um lugar mais sossegado, longe da agitação da cidade grande e de qualquer tipo de barulho. Eles encontram a casa ideal, e o que inicialmente parecia ser um sonho rapidamente se torna um pesadelo quando seus vizinhos da casa ao lado retornam de viagem.

Toninho é carnavalesco de uma escola de samba, e os ensaios são realizados no quintal de sua casa.  E não é só isso: seu filho toca bateria e sua filha toca tuba. Além disso, Toninho e sua esposa são amantes de festas e têm muitos animais em casa.   

O que acontece em seguida é uma tentativa desesperada de Walter para fazer com que seus vizinhos parem com a barulheira. No entanto, todas as suas tentativas são em vão e, na verdade, acabam piorando a situação.

Toninho e Walter são opostos um do outro, o que leva a trama a seguir a linha do conflito entre vizinhos, com momentos de humor pastelão e também de humor ácido, principalmente relacionados a um ex-vizinho que morava na casa em que Walter e Joana moram atualmente.

Vizinhos“, com roteiro de Paulo Cursino e direção de Roberto Santucci, apresenta de maneira divertida a “guerra” que Walter inicia contra Toninho, em busca de seu tão sonhado sossego. Os personagens que compõem as duas famílias têm diferenças bem definidas. Enquanto Walter, Joana e a filha Camila falam de forma calma e pausada, quase que em contraste, os membros da família de Toninho se expressam gritando e de forma muito rápida.

Mesmo sendo um filme de comédia, “Vizinhos” traz algumas boas reflexões. Walter é o exemplo do funcionário que odeia o emprego, mas permanece nele por necessidade. O primeiro acerto do filme é mostrar até que ponto uma pessoa pode chegar ao limite de estafa emocional, psicológica e mental. Nós podemos perfeitamente compreender a necessidade de Walter pelo silêncio. 

Sem dúvida, outro ponto interessante é como o filme retrata a diversidade das pessoas em termos de gostos e necessidades. Algumas pessoas são mais barulhentas, enquanto outras gostam de mais silêncio. Ao longo da trama, fica nítido que não há uma resposta definitiva de certo ou errado, mas sim a necessidade de encontrar um meio-termo e fazer concessões na convivência social. Por exemplo, ao querer escutar música em uma festa, é preciso considerar o incômodo que pode causar aos vizinhos que não estão participando da festa. O respeito pelo espaço e bem-estar dos outros é fundamental para uma convivência harmoniosa entre as pessoas. O filme nos convida a refletir sobre a importância da empatia e do entendimento mútuo nas relações humanas.

Os realizadores do filme optaram por seguir uma abordagem baseada em estereótipos e exageros para ilustrar o comportamento da família de Toninho. Essa escolha visa criar situações cômicas que destacam o desespero de Walter diante de tanto barulho e tormento, enquanto ao mesmo tempo busca mostrar a importância do respeito e do bom senso nas interações sociais.

Algumas pessoas podem até não se incomodar com o barulho produzido por alguém, mas há as que se sentem extremamente importunadas. E eu não tiro a razão delas. A última coisa que eu gostaria de ter são vizinhos como o Toninho e sua família.

“Vizinhos” mostra que as diferenças devem ser resolvidas de forma pacífica e racional, e não no calor do momento. Afinal, atitudes trazem consequências e, num momento de perda da razão, até uma pessoa pacífica como Walter pode terminar machucando uma ou mais pessoas. E é justamente no trecho onde há maior peso dramático que o filme mostra uma das principais coisas que deve haver entre as pessoas que convivem num ambiente: a solidariedade.

A dobradinha feita entre Leandro Hassum, que interpretou Walter, e Maurício Manfrini, o Toninho, funcionou muito bem. Assim como os personagens dos maridos, Joana (Julia Rabello) e Kelly (Marlei Cevada) representavam dois extremos. A primeira, com tranquilidade e calma nas falas. A segunda, com a extravagância e com um jeito totalmente estabanado.

“Vizinhos” cumpre bem a sua proposta de uma comédia, tendo como pano de fundo os conflitos entre vizinhos. Tem um bom desenvolvimento e uma resolução final bastante convincente.

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